03 dezembro 2010

Prólogo





Cumpre, em jeito de Prólogo, justicar o título deste blogue, bem como o endereço que lhe demos, em data de lançamento de mais uma empresa
bloguística, permita-se-nos a expressão.

Inauguramos hoje, o caríssimo Dantas e eu, este blogue ao qual, por mútuo acordo, chamámos de
Ex libris, expressão latina cujo significado é justamente dos livros. Ex libris é portanto, e gramaticalmente falando, um complemento circunstancial de origem, sendo que indica a propriedade deste ou daquele livro em relação ao seu dono.
Este blogue, cujo título é o citado, pretende ser um espaço de discussão literária, na sua essência, esmiuçando, criticando, descrevendo, explorando e interpretando enfim obras que tenhamos lido,ou estejamos a ler e que, desta forma, queiramos partilhar com os nossos leitores. Não nos vamos ater, contudo, apenas a essas tarefas, pretendendo também aqui falar de outros temas que encontram ligação profunda entre si: eventos ligados à cultura; exposições; feiras do livro, ou ditas, festas do livro;arte; filosofia;religião; música; cinema e porque não política e ciências.

Quanto ao endereço do blogue, certamente será familiar a alguns leitores. Acreditamos que o o nome escolhido não poderia ser melhor. Todavia para que não restem dúvidas, explicitemos de que trata o
Bom Senso e Bom Gosto:

Constitui um dos documentos mais importantes da polémica literária que ficou conhecida como a Questão Coimbrã ou mesmo a Questão do Bom Senso e Bom Gosto, tendo surgido como resposta à carta-posfácio de António Feliciano de Castilho inserta no Poema da Mocidade, de Pinheiro Chagas, de Outubro de 1865, na qual o autor de Cartas de Eco a Narciso aludia ironicamente às teorias filosóficas e poéticas expostas nos prefácios a Visão dos Tempos e Tempestades SonorasOdes Modernas, de Antero de Quental (de Julho de 1865). Sentindo-se visado, Antero de Quental responde em Novembro com o panfleto Bom Senso e Bom Gosto. Carta ao Exmo. Sr. António Feliciano de Castilho, onde qualifica o juízo de Castilho como uma crítica "à independência irreverente de escritores que entendem fazer por si o seu caminho, sem pedirem licença aos mestres, mas consultando só o seu trabalho e a sua consciência", que cometem "essa falta de querer caminhar por si, de dizer e não de repetir, de inventar e não de copiar". Antero define "a bela, a imensa missão do escritor" como "um sacerdócio, um ofício público e religioso de guarda incorruptível das ideias, dos sentimentos, dos costumes, das obras e das palavras", que exige, por um lado, uma alta posição ética, por outro lado, uma total independência de pensamento e de carácter. Como consequência, e numa clara alusão a Castilho, Antero repudia a poesia que cultiva a "palavra" em vez da "ideia"; a poesia decorativa dos "enfeitadores das ninharias luzidias"; a poesia conservadora dos que "preferem imitar a inventar; e a imitar preferem ainda traduzir"; em suma, a poesia que "soa bem, mas não ensina nem eleva". O autor das Odes Modernas preconiza ainda que a literatura portuguesa acompanhe "o pensamento moderno", "as tendências das ciências", "os resultados de trinta anos de crítica", "a nova escola histórica", "a renovação filosófica".

Feitas as apresentações, cabe dar início aos trabalhos. Por meu lado não posso assumir o compromisso de que postarei aqui todos os dias religiosamente. O mesmo, por certo, dirá o caro Dantas. Todavia uma coisa garantimos: o que aqui se colocar, e perdoe-se-nos a imodéstia, terá qualidade e valerá a pena ser lido.


Dominus Illuminatio Mea

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